Era uma linda sexta-feira, o carro já estava carregado e tudo que faltava era pegar uma grande panela na casa do meu sogro, há uns 20 minutos de distância de casa. O destino final seria um fim de semana no Morrostock 2017, um festival de música, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Seriam 323,8 km com a companhia das músicas que iríamos ouvir também por lá e de 3 ótimas companhias.
Na saída de casa incidente número 1: a ideia de colocar um tule em cima do carro para levar mais coisas para nossa viagem saiu pela culatra. Perdi ele na saída pelo portão.
Carro novamente carregado, 50% das bagagens a menos, vamos nessa! Fui em direção a panela que iria nos alimentar o final de semana todo, a contra gosto, mas fui. Avisei o sogro, peguei o “caldeirão”, ouvi as 200 recomendações sobre estrada, cuidado e para nos cuidarmos de todas as formas. Obrigada, pode deixar, vamos nos cuidar, tchauzinho.
Dei meia volta e incidente número 2: quando me dei por conta estava o som alto demais, fumaça para todo lado, não vi a panela em lugar nenhum e o cheiro de air bag me desesperou. Eu havia perdido o controle e a viagem pareceu ir para o beleléu assim como o meu carro, que pousava destruído às 7h20 daquela sexta-feira.
Foi gritaria, choro e um medão, mas horas mais tarde botamos o pé na estrada para conhecer Santa Maria e o festival. Parece que quando uma viagem começa atravessada, ela se torna ainda mais especial. Foi isso que o Morrostock se tornou para mim, foi uma terapia ter embarcado naquele ônibus, ter esperado por uma carona que a gente não sabia se ia conseguir até o festival e procurar os amigos no escuro total.
Energia Morrostockiana
O diferencial do Morro é a energia que as pessoas que estão lá transmitem e a música que parece ser a trilha sonora perfeita para o lugar. O Balneário Ouro Verde, espaço que abrigou o festival é um terreno amplo, com muito verde, rio e uma estrutura ótima para acampamento.
Os banhos foram poucos, já que as filas eram longas, a comida foi por nossa conta, patrocinada por uma vaquinha que as quase 20 pessoas do nosso grupo colaboraram. A gente dormia em barracas e utilizava de banheiros compartilhados. A música ia até tarde e foram vários os shows que emocionaram (um só decepcionou).
Crianças andando por todo lado, um cheiro de comida invadia o lugar e uma chuva repentina fez correria entre as barracas. Era meu primeiro acampamento, tinha pouca lona, molhou coberta, travesseiro, sujou tudo de barro, mas foi lindo.
Viajar com os amigos, cantar alto a música que se gosta e nadar no rio fez essa viagem me deixar leve. Tem coisas que a gente precisa viver, longe ou perto de casa, não só para crescer mas para fazer a vida ser um pouco mais leve. Ainda mais que por lá não tínhamos internet e nem sinal de telefone. Ficar off em um lugar totalmente novo, com quem a gente ama e sem obrigações por um final de semana é aquele tipo de coisa que todo mundo precisa viver.
Chegou a hora de ir embora e não tínhamos carona para ir até Santa Maria, já que o Balneário fica em uma área retirada. Pegamos o último ônibus até a cidade, com mais dezenas de pessoas indo para o mesmo lado. No outro dia de manhã eu trabalharia às 8h30 e aquilo já eram 19h. Medo de acabarem as passagens para Porto Alegre, correria e surpresa: compramos as últimas três passagens de volta. Pura sorte!
Eu acabei com o meu carro e no mesmo final de semana eu vivi uma das experiências mais lindas da minha vida.