Poderia ser apenas a primeira viagem com um bebê, mas em dezembro de 2016 fiz a primeira Travelterapia como mãe.
Depois de passar os meses mais intensos da minha vida, com direito a um final de gravidez praticamente em cárcere privado (fui obrigada a ficar de repouso no fim do sétimo mês), um trabalho de parto de quase 15 horas, 18 dias de UTI neonatal e meses de noites mal dormidas, eu realmente precisava sair da cidade para me sentir viva.
Para mim, viajar sempre foi se reconectar. E diante de tantas coisas que haviam ocorrido, eu precisava muito daquela experiência de volta. Embora naquele período eu já começasse a pesquisar destinos para levar o bebê, foi meu marido que percebeu que eu precisava sair do ar.
No dia do meu aniversário nos presenteou com duas diárias em Gramado (RS), que fica a uns 100 quilômetros de casa. Desde criança visitamos a serra gaúcha, mas daquela vez foi diferente.
Nosso primeiro passeio a três foi terapêutico. Com bebê no carrinho, pela primeira vez caminhei totalmente sem pressa pelas ruas de Gramado e aproveitei para curtir o Natal Luz de Gramado (era dezembro!). Comprei um saco de pipocas gigante e o devorei como se fosse a quinta maravilha do mundo!
A fantasia do Natal, as luzes espalhadas pelas ruas e a quantidade de crianças circulando felizes pela cidade me deram nova energia. Empurrando o carrinho do bebê, olhava para os lados e sorria.
Existe vida na maternidade, pensei! E assim descobri também que existe um outro universo: as viagens em família.
E naquele final de semana aproveitamos para ver o espetáculo de som e luzes em frente à rua cobertura. Fiquei encantada com a qualidade do evento e, no final, ainda fui surpreendida pela neve feita com espuma de sabão que caía do céu!
Sair da toca me mostrou que algumas vezes o destino é coadjuvante de uma viagem e que a vida simples e ao lado do nosso quintal pode ser muito gostosa. Ver meu filho dentro do carrinho, enrolado em um cobertor comprado de última hora e me sentir feliz me fez suspirar e ter ainda mais certeza de que viajar pode ser libertador.
Depois daquele final de semana prolongado a maternidade ficou mais leve. E sabem o que eu fiz um ano depois desse episódio? Voltei a Gramado e fiquei feliz da vida ao ver o Noah curtindo o Papai Noel, a neve falsa e a cidade que ajudou no meu resgate pessoal!