Como o Mickey se tornou meu chefe

Como o Mickey se tornou meu chefe

Já pensou em poder trabalhar na Disney – a melhor e maior empresa de entretenimento do mundo? Desde o primeiro momento em que eu soube que era possível brasileiros trabalharem na Disney, fiquei muito empolgada com a ideia. A única certeza que eu tinha naquele ano, era que eu tentaria o ICP (International College Program). Um intercâmbio remunerado em terras do Mickey.

A primeira parte do processo seletivo é feita entre abril e maio, através da agência STB (Student Travel Bureau). Cada ano eles escolhem cinco cidades em que irão ser feitas as palestras, como ano passado não teve em Porto Alegre, tive que ir a São Paulo para poder participar do processo seletivo.

Na primeira etapa ocorre uma palestra com todas as informações do programa (custo, duração, hospedagem, e posições de trabalho) e após isso é feita uma entrevista de emprego em inglês em dupla, com uma duração de 5-10 minutos, feita pelos recrutadores da STB. Após essa entrevista, o resultado é divulgado no fim do mês de junho, onde você pode receber o status de reprovado, stand by, ou aprovado para a próxima fase.

A segunda fase do processo ocorre diretamente com a Disney, na segunda semana de agosto e com os recrutadores que são americanos, apenas uma é brasileira. Novamente é uma entrevista feita em inglês, essa individual que dura em torno de 20-30 minutos. Os resultados da segunda entrevista saem entre uma e duas semanas após a entrevista, e novamente os status podem ser de reprovado, stand by (lista de espera, caso haja desistências) e o tão esperado aprovado.

O processo seletivo foi MUITO EXTENSO e cheio de emoções. Acho que só quem já tentou esse programa de intercâmbio consegue entender o que eu estou falando. Começando que não tinha seletiva em Porto Alegre (minha cidade), e tive que ir para São Paulo, apenas para participar das duas fases seletivas (sem nenhuma garantia que passaria). Passando no processo, ainda tinha o parto do visto. É um visto específico, de trabalho, e novamente, tive que viajar até São Paulo para fazer ele.

Fiz a minha entrevista dia 17 de agosto, e o resultado saiu dia 29 de agosto, com o tão esperado CONGRATULATIONS! Aprovada. Minha data de embarque foi 27 de novembro de 2016. (No total sei que foram cerca de 500 brasileiros selecionados para ir em três datas de embarque distintas).

Morando na Disney

Todos os Cast Members moram em um dos quatro condomínios do complexo Disney: Patterson Court, Vista Way, Chatam Square e The Commons. Você pode selecionar sua preferência, com quantas pessoas deseja morar ou então escolher o modo “aventureiro”. Não é garantido que você vai morar no condomínio que escolheu e nem com quantas pessoas você selecionou. Isso é estabelecido pela própria Disney.

Os custos são de responsabilidade do participante e variam de acordo com o condomínio e com a quantidade de pessoas que moram no apartamento. O aluguel varia de US$ 99 a US$ 130 por semana, cobrado por pessoa. Ser flexível quanto a isso é um dos requisitos do programa, já que não se pode alterar onde se irá morar.

Eu acabei escolhendo o The Commons, por ser o único que possuía máquina de lavar roupa dentro do apartamento (os outros não possuem e você paga $1,25 cada vez que for usar). Acabei morando com mais 3 brasileiras, uma de São Paulo, Belo Horizonte e outra de Santa Catarina. A melhor parte do programa, são com certeza as pessoas, você conhece muita gente especial de cada canto do Brasil, sem contar com os seus co-workers (colegas de trabalho). Trabalhei com gente da China, Japão, Marrocos, Peru, Argentina, Haiti, Austrália, Itália, sem contar com os americanos que eram de vários lugares diferentes.

Na sua entrevista, eles te perguntam quais roles (posições) que você gostaria de trabalhar. As minhas preferências eram Merchandise, que você pode trabalhar nas lojas, Quick Service Food and Beverage que você trabalha nos restaurantes, e Custodial, que é a posição que limpa o parque e os banheiros. Acabei caindo em Quick Service e tive a sorte em trabalhar no parque onde eu queria: Magic Kingdom


Realizando um sonho

Eu sempre quis trabalhar no Magic Kingdom por ser o maior parque e na minha opinião por ser o mais mágico então quando eu fiquei sabendo que iria trabalhar lá fiquei muito feliz. Trabalhei no Pecos Bill Tall Tale Inn Cafe, que é a segunda maior location de Quick Service do Magic Kingdom, perdendo apenas para o Cosmic Ray’s. No Pecos é servido comida mexicana, nachos, fajitas, churros e hambúrgueres (na minha opinião, é um dos melhores restaurantes quick service da Disney). É bastante movimentado e o local é decorado em um estilo de faroeste, com músicas temáticas.

O treinamento dura em torno de uma semana, onde eles ensinam basicamente tudo para você sobre o restaurante e sobre o parque. No treinamento, eles falam tanta coisa que você pensa que jamais vai conseguir saber de tudo e então poder ajudar os guests (convidados), mas depois de umas 3 semanas, você já sabe se virar sozinho.

Eu trabalhei com mais 7 brasileiros, o que foi muito bom porque nos entendíamos e sempre que alguém precisasse de alguma coisa era só pedir para o outro.

Giullia e os colegas brasileiros no trabalho

Tínhamos shifts (horários de trabalho) longos (12h30 – 01h30), mas também shifts tranquilos de 11h15 – 17h15, o que possibilita bastante tempo livre para fazer o que quiser. Geralmente os turnos começam às 11h30, pois eles já têm uma equipe mais ou menos pré-definida para abertura do restaurante e que é normalmente constituída de cast members full time(membros da equipe em tempo integral). O ônibus pro Magic Kingdom não é um dos mais agradáveis, devo confessar, embora seja o único parque com 2 opções de ônibus.

Horário de trabalho

Além disso, o ônibus do housing te leva até o Westclock, que é basicamente um estacionamento e também onde está o costuming, onde vocês pega sua roupa pro trabalho. Dali, há um ônibus que os transporta até a entrada do túnel que, a propósito, começa na Fantasyland, o que quer dizer que a Frontierland, onde está o Pecos, é a última do túnel! São 8-10 minutos de caminhada. Dentro do túnel há a “Mousketeria”, uma lanchonete para cast members com algumas opções de lanche e um Subway. Como eu não tinha muito tempo para preparar minhas refeições, na maioria das vezes eu comia algo por lá. Além disso, existe a possibilidade de “alugar” um locker dentro do túnel para que você possa deixar seus itens pessoais e é totalmente gratuito.

Sem dúvida o maior aprendizado que levei do programa em questão de trabalho (porque de vida teve outros maiores) foi saber o que é atendimento ao cliente de verdade. A Disney se desdobra para deixar o guest feliz. Foi uma das melhores experiências da minha vida, com certeza se tivesse a oportunidade faria de novo.

Bom, é isso! Espero que tenham gostado, e lembrem-se: Always keep the magic!

*Giullia Vaz é gaúcha, teve o Mickey como chefe e é apaixonada pela Disney.

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