Ano Novo no Uruguai: sanduíche e noite no sanatório

Ano Novo no Uruguai: sanduíche e noite no sanatório

Para quem pensa que o Uruguai é só para os abastados, mude de ideia! O país é para todos os orçamentos!!

Era final de 2010 e tudo o que eu mais queria era um Réveillon cheio de comemoração. Havia sido um ano difícil e, ao mesmo tempo, bom demais e precisava ser encerrado com “chave de ouro”. Nesse caso, foi fechado com uma chave enferrujada e torta, mas que rendeu muita risada!

Eu havia iniciado 2010 com o objetivo de conhecer gente nova e fazer coisas diferentes, porque e me recuperava de um inferno astral que incluía o fim de um namoro, um dedo quebrado, um piriri sem fim (vulgo gastroenterite), plantões de trabalho na madrugada e outras coisinhas perdidas e que não lembro mais (ainda bem!). Logo, 2010 passou e trouxe coisas boas e novas: um novo emprego, um namorado, muitos amigos, festas, jantares e precisava ser comemorado.

Pois lá pelo início de dezembro me dei conta de que precisava ser ágil e encontrar um lugar para estourar a champa e dizer: tchau inferno astral!  E foi aí que lembrei que poderia ir para o Uruguai. O pequeno detalhe é que naquela época o orçamento estava bastante apertado, o que costuma prejudicar decisões de última hora, principalmente para quem tem pouco dinheiro.

Fotos: Anelise Zanoni

Punta del Este – o desejo da viagem

Pesquisei, pesquisei, pesquisei… Resultado: precisaria desembolsar uma bela grana para me hospedar em Punta del Este na virada do Ano Novo. Aí baixou a criatividade e criei um roteiro diferente. Convidei meu namorado, a irmã dele e meu irmão para embarcarem na aventura.

O roteiro incluiu Punta del Diablo (lugarzinho que eu amo!), Montevidéu e Punta del Este. Decidimos passar o Ano Novo na capital uruguaia porque seria mais barato. Depois, como não havia encontrado hotel barato em Punta, fiz uma reserva em um albergue de Piriápolis! E foi uma grande surpresa!

Em Punta del Diablo passamos os melhores momentos: sol intenso, praia, chinelo de dedo e cerveja gelada. Depois, com o carro cheio de alfajores e espumante comprado na fronteira, seguimos viagem para Montevidéu.

No dia 31 de dezembro, veio a decepção: não havia ceia! O hotel não tinha mais lugar para reservas (que eram caríssimas!), poucos restaurantes abriram naquela noite e o que estava disponível custava uma fortuna! O jeito foi passar num armazém, comprar sucos, refrigerante, baguetes e manteiga e presunto. Sim, esta foi nossa ceia de Ano Novo, preparada no nosso quarto do hotel! E foi muito divertida!

Depois da refeição, nossa ingenuidade aguardava um lindo show de fogos. Mas é obvio que isso não ocorreu: fomos para a rambla esperar a queima de fogos e não encontramos pessoas nas ruas e nem um sinal de luz no céu!

O povo da cidade também estava viajando, e os poucos gatos pingados que estavam por lá soltavam um foguetinhos que não iam para o céu, mas que estouravam pelas ruas!!

Sabe o que aprendemos? Que o Ano Novo está na cabeça de cada um! Nada saiu como esperávamos, e tudo foi muito simples. E nos divertimos muito: rimos da situação, brincamos e ainda bebemos nosso espumante geladinho na beira do Rio da Prata! Viajar é deixar nosso espírito aceitar o diferente, o simples – mesmo quando a gente tem expectativas que são frustradas.

Essa virada de ano de 2010 para 2011 foi contemplada também com uma noite em Piriápolis, uma cidadezinha linda e pouco explorada pelos brasileiros. Reservamos uma noite em um albergue da cidade. Quando chegamos lá descobrimos que o lugar era um antigo sanatório (uma clínica de recuperação de doentes).

Na época, meu namorado jura que viu vultos pelos corredores. Eu não vi nada, mas fiquei com medo daquele albergue vazio. Além disso, o banho era gelado, os corredores longos e escuros e os quartos cheiravam a mofo! Passei a  noite acordada e espirrando! A escolha foi péssima, mas nunca esqueceremos daquela experiência quase macabra.

Em resumo, a viagem foi boa demais. Percebi como colocamos uma carga pesada nesse tal de Ano Novo. Na verdade, é um dia depois de outro, e iniciar uma jornada depende mais da nossa cabeça e dos nossos pensamentos positivos.

Eu aprendi! Mas confesso que sempre dou uma espiada em ofertas para o Ano Novo – nem que seja para fazer mais umas aventuras desse tipo!

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